São Sigismundo Gorazdowski

Infância

 Vida 1Sigismundo Carol Gorazdowski nasceu dia 01 de novembro de 1845, em uma família nobre, na cidade de Sanok no Sudeste da Polônia (na época este território era chamado Galícia), e ali na igreja dos Franciscanos no dia 09 de novembro foi batizado. Foi criado em uma boa família católica, onde se cultivava um patriotismo profundo. Toda sua vida coincidia com uma época muito difícil para a Polônia, que durante mais do que 200 anos desapareceu do mapa da Europa. O país foi ocupado e dividido entre os três impérios: Rússia, Prússia (Germânia) e Áustria.

Quando ainda criança recém nascido Sigismundo, durante o “massacre galega” (uma revolta camponesa contra os nobres, nas áreas da Galícia ocidental, de fevereiro a março de 1846) foi escondido por sua babá sob uma pedra de moinho, ele provavelmente nessa situação contraiu uma doença pulmonar que o acompanharia durante toda a sua vida.

Durante o estudo na escola em Sanok e Przemysl, ele mostrou-se um bom aluno; geralmente estava entre os melhores alunos da turma; cantava um soprano agradável, depois um tenor agradável; tinha uma paixão por história, geografia e língua polonesa. Na sala de aula geralmente demonstrava criatividade.


Juventude

Ainda como um estudante do ensino médio, com 18 anos de idade, Sigismundo participou no Levantamento de Janeiro, o que ocasionou o agravamento de sua tuberculose. À derrota e à queda do levantamento, sobreviveu como uma provação muito dolorosa. Depois de terminar o estudo em Przemysl, ele começou a estudar Direito na Universidade de Lviv. No entanto, no segundo ano de seus estudos, seguindo a voz do chamado, pediu para ser admitido no seminário em Lviv. Entre os estudantes, ele se destacava pela piedade, zelo e, apesar de seu caráter impetuoso, grande submissão aos superiores.


Os Pais

As testemunhas preservadas dizem que, uma educação muito boa Sigismundo devia à “educação de casa, da mãe e do pai, que, como modelos das virtudes polonesas e de cidadãos, com o seu exemplo, sua honestidade, consciência, religiosidade, verdadeiro bem e a velha tradição polonesa de educação, com delicadeza e generosidade, foram capazes de despertar grandes virtudes do menino”.  Sobre os pais de Sigismundo se dizia que eram “muito inteligentes, honrados e grandes patriotas”. Padre Sigismundo Gorazdowski, com certeza lembrando-se de sua própria infância,  em seus “Princípios e regras de boas maneiras”, escreveu sobre o amor materno: “O Senhor Deus tem derramado no coração de mãe, um amor para o filho, não só porque ela com maior diligência cuida o seu filho, mas, que sob a influência deste amor maternal, como se fosse sob a influência do calor solar, despertaria na criança o sentimento do amor, que um dia vai se direcionar primeiramente em direção a Deus e, por fim, a tudo o que é belo e nobre”.

Na família Gorazdowski dominava uma atmosfera de mútuo amor, respeito e bondade, o clima de oração e de trabalho, de confiança em Deus nos momentos difíceis, na experiência do sofrimento e de pobreza. Se cuidava nela de uma educação cristã abrangente para a colaboração com os outros em espírito de respeito e amor e de construção junto com eles, do bem comum em Cristo.


Seminário

No seminário Sigismundo passou por uma grande prova de fé. Devido à gravidade da doença nos pulmões e as hemorragias que colocavam sua vida em grande risco, sua ordenação sacerdotal foi adiada por tempo indefinido. Seus colegas, vendo de perto o drama de sua vida, diziam que: a negação da ordenação ao sacerdócio foi para Sigismundo um golpe muito doloroso. Ele sofreu moralmente e fisicamente, mas não perdeu a confiança em Deus. Durante este tempo ele fez um voto a Deus: “Todo-Poderoso tenha compaixão de seu humilde servo, da-me forças para que eu possa cumprir minha missão e a vida toda dedicarei para o bem dos outros”.

Dois anos depois, sua saúde melhorou o suficiente para que ele pudesse ser ordenado sacerdote na Catedral de Lviv,  no dia 25 de julho de 1871. 


Os primeiros anos de sacerdócio

Durante os primeiros seis anos de ministério sacerdotal em várias cidades da Arquidiocese de Lviv, ele foi conhecido como um sacerdote de um carisma especial, capaz de unir o trabalho à caridade pastoral. Na época, em muitas escolas, ele exercia o trabalho catequético. As paróquias da Arquidiocese de Lviv naquela época, foram as mais extensas territorialmente em toda a ocupação austríaca (Galícia).

Muitas vezes as paróquias constituíram uma dúzia de municípios. Pe. Gorazdowski, por exemplo na paróquia em Wojniłow, além de ter os alunos da escola local de quatro classes, teve de dar catequese às crianças de outras onze escolas de tempo integral e sete escolas paroquiais. Condições semelhantes teve também em outros lugares. Ele não se desencorajava com as dificuldades e empreendia uma série de iniciativas para que a Boa Nova pudesse chegar a todos.

Ele ajudava os necessitados de muitas maneiras. Por exemplo: durante a epidemia de cólera em Wojniłow, ele ajudava os doentes e, até mesmo com as próprias mãos, enterrava os mortos. quando o chamavam a atenção ele respondia: “Deus cuida de mim”! Na Crônica da paróquia está escrito que mesmo os judeus beijavam as suas roupas, chamando-o de um homem santo.


Trabalho em Lviv

A partir de 1877 iniciou as suas atividades sacerdotais e beneficentes em Lviv. Em cada paróquia onde trabalhava ele descobria a grande pobreza espiritual de seus fiéis e várias dificuldades no anúncio da mensagem evangélica, por isso elaborou e editou várias obras escritas: o “Catecismo”,  “Conselhos e Admoestações”, “Princípios e Normas de Boa Educação” para os pais e educadores. Valorizando muito os dons dos santos Sacramentos, especialmente o da Eucaristia, iniciou na arquidiocese de Lviv a prática da Primeira Comunhão comunitária para as crianças. Foi também o grande propagador de lembranças da Primeira Comunhão e do sacramento do Crisma. Publicou também muitos artigos, principalmente pastorais, sociais e pedagógicos. Criou a «Sociedade Bom Pastor» para auxiliar os sacerdotes e uma revista com o mesmo título.

O Padre Sigismundo, a exemplo de Cristo, esforçou-se para nunca excluir ninguém de sua ação caritativa, especialmente os marginalizados pela sociedade. 

Padre Sigismundo durante o seu trabalho em Lviv fundou várias obras de caridade: a Casa do Trabalho para os mendigos sem lar; A Cozinha Popular, servindo refeições a baixo custo aos trabalhadores, estudantes, crianças e aos pobres da cidade; O abrigo para Incuráveis e Convalescentes foi uma obra de misericórdia cristã em resposta às necessidades de pessoas sofredoras e doentes; O Internato São Josafá para os pobres estudantes da escola pedagógica; O Instituto Menino Jesus para as mães solteiras e as crianças abandonadas; fundou a Escola Católica polono-alemã para proteger as crianças católicas da indiferença e do ateísmo.  Por muitos foi chamado e reconhecido como o «Padre dos Mendigos» e o «Pai dos Pobres». 

Para dirigir a maioria de suas obras beneficentes, o Padre Sigismundo engajou as terciárias franciscanas, de Tarnopol. Com passar do tempo elas juntamente com o Padre, preocupadas com uma formação religiosa mais adequada, deram início a uma nova Congregação Religiosa, que permanece até hoje e continua o carisma do seu Fundador:  a Congregação das Irmãs de São José (Irmãs Josefitas).

Sigismundo Gorazdowski morreu no dia 1° de janeiro de 1920, em Lviv. Na época, se dizia que ele era o olho do cego, a perna do coxo e o pai dos pobres.

Seu processo de beatificação foi iniciado em 1989. No dia 26 de junho de 2001 o Santo Padre João Paulo II beatificou esse Apóstolo da Misericórdia Divina, cuja memória é celebrada no dia 26 de junho. Foi canonizado em Roma, no dia 23 de outubro de 2005, pelo Papa Bento XVI.